Haruki Murakami nasceu em Quioto no Japão em 1949.
Murakami é um escritor. Um excelente escritor por sinal. Apetece-me arriscar que um dia será laureado com o Prémio Nobel da Literatura!
Quando lemos as suas obras parece que estamos a mergulhar para dentro das páginas. A construção das frases, o uso de adjectivos e os diálogos estão muito bem elaborados e fazem lembrar o nosso Eça de Queirós. Simples e mágico.
Tal como Neruda sempre afirmou, Murakami sabe que a arte da escrita não vem de inspiração divina. Não vem da sorte. Não vem com o vento. Vem do trabalho, esforço e dedicação. O uso da palavra e a definição de um estilo de escrita exigem um esforço diário ao longo de muitos anos.
Murakami chegou lá. Hoje em 2014, é um escritor consagrado mas em 1978, quando começou a escrever, estava longe de imaginar que aqui chegaria!
A sua ambição nunca foi ser romancista. Ele apenas queria escrever um romance. Sabia que se pusesse as mãos à obra conseguiria fazer alguma coisa com um principio, meio e fim.
Foi com esta corrente de pensamento que escreveu 200 páginas à mão e as intitulou Hear the Wind Sing. Este livro infelizmente não tem tradução para português.
Enviou o manuscrito para um concurso e ganhou um prémio! Logo de seguida escreveu Pinball, 1973. Estes dois livros tiveram bastante aceitação junto dos leitores.
Nesta altura ele tinha um clube de Jazz chamado Peter Cat, que tinha bastante sucesso! Ele tinha fundado o clube em 1974 através de empréstimos e quando o fechou em 1982 já tinha pago o investimento e estava a lucrar!
Este clube de jazz foi uma experiência muito importante para Murakami. Ele aprendeu o valor das coisas, o valor do dinheiro, conheceu a música e também as pessoas. Quando se gere um bar, é inevitável o cruzamento com histórias das vidas das pessoas, tristes ou alegres! Em muitas das suas obras ele replica histórias que ouviu nestes anos atrás do bar!
No final dos anos 70, Murakami estava então a gerir o bar ao mesmo tempo que iniciava a arte de escrever romances. Rapidamente se apercebeu que ia ter de optar por um dos dois, pois abrir o bar, receber os clientes, limpar, arrumar, fechar as contas, gerir encomendas dava muito trabalho! E nas horas livres ele escrevia e era um escritor atrás de uma secretária a fumar os seus 60 cigarros por dia.
Em 1982, tudo isto mudou. Falou com a mulher e disse que se ia dedicar à escrita a 100%. Muitos amigos e familiares criticaram esta decisão pois o bar tinha sucesso e o caminho dos escritores/artistas pode ser traiçoeiro... Murakami não desistiu nem ouviu os velhos do restelo. Ele sabia que tinha um romancista dentro de si e queria mostrar a sua obra ao mundo.
Deixou de fumar. Começou a correr. Nos últimos 20 anos correu pelo menos uma maratona por ano em diferentes cidades do mundo. A sua média anda nos 5 minutos por kilometro?! (Caro leitor, a maratona são 42 kms!). Deita-se às 10 da noite e acorda às 5 da manhã. Escreve várias horas por dia e antes de se deitar ouve música e lê. E ainda arranja tempo para a família e para treinar.
O seu primeiro romance mais sólido surge em 1982, Em Busca do Carneiro Selvagem.
Desde aí já escreveu Kafka à Beira Mar, Norwegian Wood, O Elefante evapora-se, entre outros.
O seu estilo é transversal em todas as obras. Um pouco de cultura japonesa, uma pitada de fantasia, drama, suspense, amor e muitas outras questões que caracterizam a condição do ser humano e o seu espírito irrequieto... leva-se tudo ao forno e tem-se uma obra de Murakami!
Actualmente vive nos Estados Unidos e apesar dos seus 65 anos continua a correr e a escrever!
Obrigado Haruki!
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