terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Mário Cotrim

Mário Cotrim nasceu algures em Portugal em 1991.


O Mário, ou Profjam como a determinada altura se auto-baptizou, é um rapper. Um rapper com o dom da palavra e muitas ideias interessantes.
Para ele não existem não-artistas. Toda a gente é um artista. O Artes e Tartes partilha a 100% desta visão! Bravo!

Para ele é difícil escolher 3 artistas de referência mas aponta como alguns dos seus preferidos Malcolm McCormick (foto abaixo), Erick Elliott e Saul Williams.


 
Para ele a arte é “A pressão que torna a impressão em expressão, expressão essa que por sua vez causará novas impressões. Perpetua-se assim o ciclo infinito da inspiração artística, que, a meu ver, começa com a criação.”

Hoje o Artes e Tartes apresenta uma entrevista com o Mário aka Profjam. Uma entrevista esclarecida e que mostra que há jovens artistas portugueses a desenvolver um trabalho bom e sério. Não percam os dois links que são apresentados no post. Um teledisco e uma battle de rappers no coliseu verdadeiramente épica!


AT - Olá Mário, queres explicar aos nossos leitores em que áreas artísticas tens desenvolvido o teu trabalho? No fundo, sei que tens uma ligação à música, mas quais são os outros interesses artísticos, ou seja artes que gostes, que já tenhas praticado ou que ainda sonhas vir a praticar?
Mário - O meu trabalho artístico consiste em fazer rimas ritmadas acompanhadas de instrumentos ou do silêncio e executá-las com a minha voz. O chamado Rap. Adoro fazê-lo porque me sinto um turista dentro do meu próprio mundo, nunca sei o que me vai sair quando começo um novo poema. Eu nunca sei para onde vou, mas tem piada porque sei sempre quando já cheguei, ou seja, quando o poema chega ao fim.
A minha paixão primária é sem dúvida o processo criativo em si, e nesse sentido sou mesmo um apaixonado por todas as formas de arte.

AT - Tu tens um projecto musical chamado Profjam. Queres contar-nos um pouco da história deste projecto? Como começou? Em que consiste? Onde estás agora em termos musicais e para onde vais? 

Mário - ProfJam nasceu com um auto-baptismo. A certa altura da minha vida decidi ser o ProfJam. Parecia que dar um nome à parte da minha pessoa que se focava a rappar fazia sentido. Eu via isso acontecer com outros rappers, que abandonavam o seu nome para se expressar num outro, portanto fez sentido desde o início. No fundo, tornar-me no ProfJam é que me tornou num rapper, porque eu escrevia rimas e poemas e o Prof era rapper, o que era muito diferente para mim.

Link para o teledisco: https://www.youtube.com/watch?v=LCKkcarhypU

Quanto ao meu projecto é continuar a desenvolver essa criação. Porque a seguir ao baptizado há que pôr o puto na escola, e fui isso que fiz e ainda hoje faço. Na verdade eu fiquei Prof porque os professores trabalham em escolas e estudam para o resto da vida. Aperfeiçoam a sua maneira de comunicar as lições e aprendem muito mais do que quem apenas foi aluno. Um bom professor é obrigatoriamente um bom aluno, porque se não o fosse não poderia aprender a ser um bom professor.

O próximo passo na minha aprendizagem é a produção musical também. Sinto a necessidade de me instruir tecnicamente para poder criar e comunicar mais ainda.


AT - Lembras-te do momento em que te apercebeste que tinhas uma sensibilidade artística? Foi na escola? Foi em casa? Grupo de amigos? Achas que as pessoas já nascem artistas ou faz tudo parte das influências a que somos expostos?
Mário - A minha noção de arte parte da visão interna de cada um. Existem muitos artistas sem nenhum trabalho feito, que nem sequer discutiram as suas ideias com ninguém. Mas elas existem. Numa dimensão não acessível aos outros, mas são reais na mesma. Depois poderão, ou não, materializar-se: desenhando, vocalizando, dançando…

Nesse sentido, eu creio que não possa existir alguém não-artista. Acredito na emancipação do artista interior, que toda a gente, mesmo a que ainda não sabe, é artista. Depois pode ou não haver a capacidade de produção da ideia, a tal materialização, devido a uma falta de apetência ou somente de instrução técnica. Pegando num exemplo ilustrativo relativamente a capacidades, nem todos somos Nash’s ou Einsteins, mas qualquer um de nós calculará 2+2 com a devida instrução matemática.

O mesmo se pode aplicar ao desporto, nem todos podemos ser o CR7, mas toda a gente beneficia se praticar uma futebolada com os amigos.

 Link para a batalha de rappers épica no Coliseu dos Recreios: https://www.youtube.com/watch?v=3Z_X0B2kZRw
 
AT - Com que artista (vivo ou morto) gostarias de jantar e porquê?
Mário - Ia ter de ser com um génio literário como Eric Blair (George Orwell) ou Aldous Huxley (foto abaixo). São simplesmente assombrosos nas suas obras e penso que seriam pessoas que me poderiam ensinar muito e com quem poderia conversar durante 4 jantares.

 

AT - Por fim, o Artes e Tartes sabe que neste momento vives em Londres? Qual tem sido a tua ligação com a cultura Inglesa? E qual é a tua opinião sobre a situação cultural no Reino Unido no presente?

Mário - Ainda estou muito recente aqui. É difícil fazer um retrato fidedigno à cultura inglesa em apenas uns meses mas posso adiantar que me revejo em muitas maneiras de estar deles e que não sofri grandes choques culturais.
O maior deles foi a mistura cultural que podemos encontrar aqui, o que para mim é um sinal mais, porque acredito que a partilha cultural obtenha excelentes resultados a unir os povos. Pode se viajar pelo mundo todo apenas passeando em Londres.
A nível de cultura e não a nível cultural agora, posso dizer que é realmente um poço dela, basta dizer que os autores que referi na pergunta anterior são Britânicos. :)


 

Obrigado Mário!

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