Pedro Patrocinio nasceu em Lisboa em 1982.
Este nativo do signo Aquário fundou com o seu irmão, Mário, a produtora de filmes
BRO. Segundo o Pedro, a BRO foi fundada no exacto momento em que nasceu!
Os seus artistas de referência são Walter Carvalho, Toca Seabra e sua
família! (Em baixo a Mãe do Pedro e do Mário).
Para ele a arte é “a capacidade de
fazer algo que nós olhamos e chamamos arte, pode ser vista num quadro, num
campo de futebol, na linha que um surfista faz, não existe uma identidade que
rotula o que é arte ou não.”
Hoje o Artes e Tartes tem a honra de entrevistar este jovem cineasta português
que já conta no seu reportório com filmes como o Complexo – Universo Parelelo e o mais recentemente lançado I Love Kuduro.
E que verdadeira viagem esta entrevista: andamos no Japão, Brasil, Angola,
jantámos com Jesus e demos um pulinho até aos descobrimentos!
Artes e Tartes: Olá Pedro, queres
explicar aos nossos leitores o que é a BRO? Como começou, o que já fizeram e
por onde passa o vosso futuro?
A Bro começa desde praticamente a minha nascença. Eu e o meu Bro desde cedo
tivemos que nos unir e fazer uma aliança, pois quando eu tinha 2 anos e ele 6
fomos viver para o Japão com os nossos pais. Na altura não haviam ocidentais e
nós eramos tipo os extraterrestres e objeto de estudo, isso teve uma
grande influencia na nossa maneira de estar e viver, estávamos sempre juntos, a
brincar, a falar, a comunicar e isso fez com que a nossa aliança fosse o nosso
refúgio.
As camâras sempre fizeram parte do nosso dia dia pois o nosso pai sempre foi
apaixonado pela fotografia e o facto sermos objetos retratados no japão por
diversos canais de comunicação nipónicos fez com que esse bichinho entrasse
nas nossas vidas sem bater à porta!
O filme Complexo – Universo Paralelo, foi algo que nos marcou muito e ainda
marca. Foi uma experiência de vida única, com histórias inspiradoras de pessoas
especiais e que nos abriram o seu coração. Todos os dias agradeço por este
projecto ter aparecido.
Links:
O nosso futuro passa por viver e contar histórias que fiquem eternizadas
para a história. Esse é um dos nossos lemas.
AT - Como classificarias o segmento
de filmes que a BRO pretende atacar? Os vossos filmes parecem documentários mas
não são... ou são? Podes desenvolver um pouco esta questão?
O nosso segmento é o universo e o nosso objectivo é fazer filmes que as
pessoas se identifiquem e que sejam universais.
Os nossos filmes são filmes sobre pessoas e para pessoas. O foco visa sempre
encontrar um link que que nos conecte a todos e o que nos interessa é dar a
conhecer o melhor de cada realidade/cultura e assim estarmos abertos a novos
conhecimentos. A vida é um ensino constante e nós temos tido o previlégio de
viver realidades distintas e que nos fazem crescer. O facto de os nossos filmes
serem filmes documentários com uma dinâmica de montagem de ficção e uma
narrativa cheia de plots torna-os mais atractivos e repletos de vida.
AT - Quais são as grandes tendências
futuras na área dos filmes/cinema? É fácil tirar as pessoas de casa para irem
ao cinema? Filmes nos tablets ou telefones? Curtas metragens? Ou seja, quais
são as grandes revoluções que vamos ver no futuro em termos de produção e
consumo de cinema e filmes?
Eu acredito que a solução é voltarmos um pouco ao passado, exibições
de cinema ao ar livre e cinema itinerante que faça as pessoas sair de casa e
estarem juntas a partilharem ideias.
Atualmente estamos muito ligados aos gadgets e isso não beneficia o
verdadeiro sentido da raça humana pois é algo muito individual e perde-se a
partilha e o convívio. Acabamos por
ficar todos alienados ao universo cibernético.
AT - Quais as dificuldades que tens
encontrado no mercado português em termos de valorização do vosso trabalho? O
cinema português é bem aceite?
O nosso trabalho tem sido reconhecido pelo mundo inteiro e em Portugal é um
caso à parte pois não existe um investimento na cultura. A nossa identidade
está perdida e só é bom o que vem de fora e os artistas estão de mão atadas.
O cinema português é um cinema com o qual não me identifico e foi por isso
que escolhi o Brasil para a minha formação. O que eu vejo é que há uma nova
geração de cineastas com muito valor mas que precisa de oportunidades. O cinema
Português está atualmente rotulado como cinema sem conteúdo e sem identidade e
isto provém da aposta em filmes com guiões fracos ou muito autorais e que não
leva ninguém ao cinema… a lei beneficia quem está há mais tempo no mercado e
não se trata de mérito mas sim de lugares cativos...
AT - Os nossos leitores gostavam de
saber com que artista (vivo ou morto) gostarias de jantar e porquê?
Eu acho que a minha melhor companhia para jantar seria Jesus pois ele é um
gajo que já viveu há sei lá quantos séculos e continua presente. Julgo que jantar
com ele seria algo muito interessante.
AT - Quais são as tuas maiores fontes
de inspiração? Ou seja, quando a BRO quer descobrir um tema para um filme, onde
vai buscar as ideias?
O mar é um lugar onde consigo pôr as ideias no lugar, pois é um lugar em que
o cérebro desliga e tudo flui de maneira diferente. O contacto com o
desconhecido faz nos ir mais além. Os temas para os nossos filmes acabam por
vir até nós, parece que somos escolhidos pelo universo para fazer o projecto.
AT - Dentro do mundo das artes e sem
qualquer tipo de filtro qual é o teu maior sonho? Onde gostavas MESMO de
chegar?
Sonho fazer o filme sobre os Descobrimentos Portugueses, inspirado nos
Lusíadas. Considero que é uma obra de elevação do nosso verdadeiro povo,
terra de aventureiros e destemidos, cheia de valores, mistérios e muita
sensualidade.
Links:
Obrigado Pedro!
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