segunda-feira, 16 de junho de 2014

Artistas da Bola

Daqui a algumas horas a Selecção de Portugal entra em campo no Mundial 2014.



Hoje o Artes e Tartes entra no mundo do futebol. Porquê? Porque o desporto rei é para muitos uma arte sem igual!

Uma finta estonteante, um sprint com a bola dominada, um corte limpo de um defesa, um centro milimétrico, um guarda redes a voar, tudo isto é arte!

Nas outras formas artísticas que já foram abordadas aqui neste blog, tem-se falado muito sobre o processo artístico. A forma como os artistas executam a sua arte e se preparam para ela.

O futebol não foge a esta regra. Para se atingir um elevado nível de performance são necessários anos de trabalho. É necessária uma entrega total aos treinos para se conseguir executar determinados movimentos.

Mas para além do treino depois há aqueles que se conseguem sobressair pelas suas capacidades e maneira de ver e sentir o jogo. Se sujeitarmos o Ronaldo e um ser humano normal às mesmas condições de treino, alimentação, preparação, etc... o Ronaldo vai ter uma performance mais elevada. Nas outras artes é igual. Seja na pintura ou na música, há os artistas e os super artistas!

Uma das coisas que mais impressiona nos grandes jogadores é a noção do espaço. Neste campo, a arte de jogar futebol está plenamente relacionada com características inatas. Com os 5 sentidos de cada jogador.

E por isso é que os génios são todos diferentes uns dos outros. Na pintura por exemplo é o mesmo, há pessoas que vêm ou sentem as cores de forma diferente.

Quem já jogou futebol de 11 conhece o tamanho do campo. E de facto apenas um génio com uma grande visão de jogo, tacto nos pés e até audição apurada para saber quando tem adversários por perto consegue executar o jogo e os seus movimentos na perfeição.

As decisões são tomadas em segundos e por isso a condição física também é crucial: tem que haver oxigénio na cabeça e nos músculos. Os alongamentos, velocidade, técnica e capacidade de salto também são treinados e facilitam a capacidade de execução.

Por fim a atitude e maturidade. Ferver em pouca água, precipitação, falta de espírito de equipa, indisciplina ou displicência não ajudam na prática da arte. Ou seja, a cabeça também faz o artista e ajuda à inspiração. Muitos músicos ou escritores atingem os seus picos máximos ou maturidade artística com determinada obra ou período das suas carreiras. No futebol é igual. A cabeça tem que estar no sítio certo.

Em Portugal trabalha-se bem a arte do futebol. Por isso temos conseguido bons resultados por esse mundo fora, mesmo tendo em conta que somos um país pequeno. Trabalha-se a mentalidade, o sistema de jogo, a parte física e técnica.

O Mundial é a montra do futebol. É aqui que são avaliados não só os jogadores mas todo um país! Hoje quando virmos o Rui Patrício a defender, o Bruno Alves a cabecear ou o Ronaldo a marcar, estamos a olhar não só para o seu trabalho enquanto artistas mas também para aquilo que são as condições de trabalho que o país lhes deu e todas as centenas de pessoas que os apoiaram.

E aqui surge a pergunta: se somos tão bons a dar estas condições aos futebolistas porque também não as damos aos escritores, músicos e pintores? Porque emigraram Maria João Pires e José Saramago? Será que apenas o futebol deve ser um motivo de orgulho em Portugal?

Os portugueses elevam-se e motivam-se quando são apoiados e sentem que têm condições para chegar mais longe. Temos uma componente genética única no mundo que nos permite ser bons em qualquer coisa que queiramos fazer.

Já são milhares a treinar futebol desde miúdos, agora imaginem se assim fosse noutras áreas artísticas.

Exércitos de músicos e pintores. Estádios cheios de inovadores e criativos a apoiar os nossos artistas. Noticias na RTP de cada vez que um escritor saia de casa para ir a uma livraria. Manifestações na Avenida da Liberdade de milhares de pessoas para se baixar o IVA dos pianos.

Força Portugal, vamos à vitória no futebol... e também em todas as outras artes!


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