segunda-feira, 28 de abril de 2014

Ana de Sá Nogueira

Ana de Sá Nogueira é uma Lisboeta nativa do signo Touro.



Ela diz que não é artista. Mas o que dizer de alguém que nos últimos 15 anos ofereceu centenas de quadros, bandas desenhadas e desenhos aos seus amigos? Dona de um coração generoso e melhor amiga de muitos amigos, encontrou nas artes uma forma de expressar o seu amor.

Hoje o Artes e Tartes homenageia esta artista, tentando conhecer melhor as suas fontes de inspiração e pensamentos sobre a arte!

Artes e Tartes - Ana, podes indicar-nos os teus 3 maiores artistas de referência?

Ana - Começo por dizer que não sou conhecedora de arte e não tenho dotes artísticos (Nota do Entrevistador: "Lá está ela..."). Mas vou falar em pintura pois é o que mais gosto dentro das Artes. É-me difícil avaliar as “referências” de pintura, já que gosto de um milhão de quadros e sempre de autores diferentes.. Para mim um bom artista tanto pode ser um dos top como o meu melhor amigo ;) Acho que tem a ver com a forma como a arte te “bate” naquilo que tu és como pessoa. Ou seja, não é a técnica, o estilo deste ou aquele pintor, é mais o que aquela pintura mexeu contigo, o sentimento que te provocou e como te identificaste com ela. Por isso as referências que tenho são muito mais “emocionais”. Mas sinto que tenho uma “queda” para o Naif. Principalmente porque acho que os meus quadros são também muito simples e por isso me identifico e percebo o Naif. Não precisa de técnica ou estilo. É sentir, pintar, contar uma história e ter muita cor! 

Uma grande referência deste tipo de arte é o Henri Rousseau. Sempre senti que os quadros dele têm uma história por contar.. uma selva.. um animal escondido, o imaginário, um misticismo que se sente imediatamente ao olhar para o quadro, (sinto-o como o Mia Couto, por exemplo. Se o Rousseau pudesse ilustrar hoje livros, seriam os do Mia couto).

Depois temos claro a Frida Khalo, outra referência que já enjoa porque todos a amam. Mas é isso mesmo! É a história, é a forma como ela põe a sua vida nos quadros que pinta. Não têm profundidade, técnica, não são quadros Realistas e no entanto dão-nos uma grande dose de realidade! Amor, paixão, medo, dor...



E agora uns actuais menos conhecidos como Ricardo Cavolo, Kevin Sloan e Sandra Dieckmann.. Desculpa, não consigo dizer só 3! Todos com cor, força, natureza, significado..quadros que nos façam respirar mais fundo.







AT - Numa frase, para ti o que é a arte?

Ana - É a mão invisível que te entra pelo cérebro, te desce pelas veias, vai lá ao fundo e tira cá para fora o que é autêntico. Isso é Arte.                                                                                                  

AT - Como descreverias a sensação de ver uma peça de arte bonita? Seja ela uma música, uma poesia, uma tela, etc..


Ana - É espontâneo. Sentes que colou contigo. Tirou-te o fôlego. Prendeu-te ali e sentiste uma data de coisas que te ligaram a ela. Não precisa de ser uma música, uma poesia..encontras arte em muito mais. Na natureza! Já viste o power de uma nebula? No simples, nas nuvens, no interior de um peixe das profundezas..

AT - Achas que uma pessoa nasce artista ou tem de ser obrigatoriamente estimulada e formada?

Ana - Acho que todos temos alguma coisa única dentro de nós, mas tenho a certeza que só quando a exploramos ela se transforma em arte. Uns precisam de ajuda para trabalhar a sua arte ( formação) outros conseguem fazê-lo sozinho.. mas sim, deves sempre estimular o artista que há em ti. O género de artista nasce só depois dessa exploração. 

AT - Sempre tiveste uma grande paixão pelo desenho e pintura, lembras te do momento em que te apercebeste que o gostavas de fazer? Quais foram os maiores estímulos artísticos que recebeste? Escola, família ou auto didacta?

Ana - Não tenho boa memória, não me lembro de ter “começado”.. sempre fiz desenhos, bandas desenhadas aos meus namorados e quadros para oferecer à família nos aniversários. Mas lembro-me quando o deixei de fazer.. escolhes um certo caminho de estudos quando tens de enveredar por uma via profissional e deixas de lado estas coisas que gostas de fazer pelo “bem do teu futuro”. Nunca me estimularam muito a explorar seriamente esta veia. Só como hobbie. Sempre achei que era só uma coisinha com graça que eu fazia.. Hoje em dia arrependo-me de ter a posto de lado... E percebi que não dá mais para fugir dela. Para me manter uma pessoa sã, hoje em dia, tenho de continuar esta paixão, em todos os momentos livres possíveis.


AT - Sei que neste momento pintas a acrílico. Porque escolheste este suporte em vez do óleo ou aguarela por exemplo?


Ana - Porque como pintora “profissionalissima” que sou, não consigo estar muito tempo a pintar um quadro. Surge-me a ideia, pinto.. o acrílico seca rápido logo consegues chegar ao teu objectivo mais depressa. Óleo fica mais bonito, mas não tenho paciência! 

Alguns dos trabalhos da Ana




AT - És conhecida por gostares de fazer desenhos e pinturas para os teus amigos, e toda a gente adora, inclusive eu! Porque achas que as pessoas gostam tanto de receber qualquer forma de arte? Porque dão tanto valor a receber um simples papel com uns rabiscos ou uma tela com pinceladas?


Ana - Não acho que as pessoas gostem sempre de receber arte. A arte é muito pessoal por vezes recebem e não gostam. Eu surpreendo-me de gostarem dos meus rabiscos no papel.. mas acho que dão valor porque é feito com amor. E isso nota-se mesmo no traço mais torto. E também porque tento sempre colocar alguma coisa da nossa vivência, da nossa história. Se desse uma tela com uns rabiscos, sem significado, não seria a mesma coisa.

AT - Por fim, soube que tal como o André Mateus (sobre quem falamos há duas semanas), tens uma paixão secreta pela Banda Desenhada. Também já te vi associada a uma pequena curta metragem e em projectos de fotografia. Tens mais alguns projectos ou paixões debaixo da manga e que queiras revelar? Os nossos leitores também gostavam de saber se há outras áreas artísticas em que ainda gostavas de envolver no futuro?

Ana - Sim, neste momento acordei para a vida e estou a recuperar tempo perdido a experimentar  várias vertentes artísticas. A banda desenhada e a ilustração de livros para crianças é algo que me apetece explorar mais. Adoro a história por trás da imagem. Como quando nos contam algo e ao mesmo tempo criamos todas as imagens na nossa cabeça. Gosto dessa parte imaginativa de ilustrar palavras e coisas que queremos dizer.  Sim. Acho que é a isto que me vou tentar dedicar agora. Vamos ver como corre.



Obrigado Ana!

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